"Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas -e só essas poucas veredas, veredazinhas". (pág 116)
"Agora, por aqui, o senhor já viu: Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto pequeno é vereda". (pág 90)
E que, com nosso cansaço em seguir, sem eu nem saber, o roteiro de Deus nas serras dos Gerais, viemos subindo até chegar de repente na Fazenda Santa Catarina, nos Buritis-Altos, cabeceira de vereda". (pág 323)
"Digo -se achava água. O que não em -apenas água de
touceira de gravatá, conservada. Mas, em lugar onde foi córrego morto, cacimba
d'água, viável para os cavalos. Então, alegria. E tinha até uns embrejados,
onde só faltava o buriti: palmeira alalã -pelas veredas. E buraco-poço, água
que dava prazer em se olhar." (pág. 525)
As citações acima, como tudo parece indicar, são do Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa. A indicação das páginas podem variar de acordo com
a edição, então, usei a 19ª Edição, da Editora Nova Fronteira, 2001.
Mas, qual a razão de trazer estas imagens e estes textos para o
blog onde eu só falo da casa? É porque desde que comecei a construção (junho do
ano passado), eu não tinha mais feito nenhuma viagem maior. Ficava literalmente
"dentro da toca". Pois bem, neste fim de semana fui para Minas Gerais
(Conselheiro Lafaiete e Congonhas) para uma festa de aniversário de 20 anos de
meu moto grupo. Lá encontrei um amigo, de nome Giordano, que se dizia fã de
Manuel de Barros. Eu comentei sobre a minha predileção por Guimarães Rosa (sim,
na minha "bio" cito O Grande Sertão e digo também que sou
motociclista e fotógrafo). Viu como as peças começam a se encaixar?
Então, já que citei o "Giordano", Vou contar-lhes o que vi hoje. No retorno para casa (rodei 830 km, na Fazer vermelhinha),
entre BH e 3 Marias, passei pela entrada para Cordisburgo, terra natal de
Guimarães Rosa. (Que dizia ser nascido no Burgo do Coração). Parei e fiz a foto
que está no meio, "Circuito Guimarães Rosa". Rodei mais um pouco e
fotografei de cima da ponte em 3 Marias as águas do "Velho Chico". A
vida segue e a viagem também. Lá pras bandas de Andrequicé (terra de Manuelão,
personagem que Rosa citou em outras obras também) eis que vejo a foto principal
no alto da página: vários buritis e no meio deles uma pequena nascente, ou
"vereda, veredazinha".
Coincidência? É pode ser...para quem acredita nelas. Ou como dizia
Rosa: "Será não? Será?" (pág. 26)
Abraços a todos.